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quarta-feira, 30 de abril de 2008

As voltas que o sono dá

Publicada por Unknown


Conta-se que um personagem chamado Sandman - o Homem da Areia, em inglês anda por aí à noite, com um enorme saco de onde tira areia para atirar para os olhos que encontra abertos. Despeja o pó dentro deles até que fiquem turvos. Por fim, as pálpebras pesadas fecham. Parece assim que a areia do Sandman nos leva a um mundo silencioso e tranquilo, onde o corpo e a mente podem descansar. Mera ilusão. Durante o sono continuamos tão agitados como quando acordados. Um conjunto de medidas das actividades corporais mostra que o sono acontece em ciclos e o cérebro trabalha intensamente para efetuar tarefas possíveis apenas enquanto estamos a roncar.

Os ciclos - Durante oito horas um uma pessoa experimenta quatro ciclos de sono, que têm de uma hora e meia a duas horas. Cada ciclo subdivide-se em três estágios. O primeiro, sono ligeiro lento, faz a transição da vigília. O segundo, sono ligeiro profundo, restaura funções do corpo relacionadas com a actividade física: depois de um dia de muita ginástica, por exemplo, a sua duração tende a aumentar.

Nas duas fases, a frequência das ondas cerebrais, medidas pelo electroencefalograma (EEG), diminui e os músculos relaxam. O corpo recarrega-se para o dia seguinte e entra numa oficina de reparos comandada pelo cérebro. Este manda o pâncreas, por exemplo, libertar pequenas quantidades de hormona do crescimento, que favorece o desenvolvimento dos músculos e ossos e ajuda a restaurar tecidos danificados.


O paradoxo - o último estágio, conhecido como sono paradoxal, é completamente diferente. Tem este nome porque as ondas cerebrais agitam-se e o desenho no EEG, por estranho que possa parecer, assemelha-se ao da vigília. No entanto, acordar alguém nessa fase é dificílimo. Apresenta ainda uma característica muito especial: os olhos mexem-se freneticamente, fenómeno baptizado de REM, "movimento rápido dos olhos", em inglês. Durante o REM, que é maior após um dia de actividade intelectual intensa, provavelmente o cérebro recupera-se a si próprio e algumas das suas regiões ficam mais activas. O REM também inibe a acção das células motoras da medula espinal, responsáveis pela contracção dos músculos. Elas mostram-se sem tono e ficamos paralisados. Caso contrário, acordaríamos nas mais estranhas posições ou movimentávamo-nos de acordo com o que estivéssemos a sonhar. Gatos que tiveram as células motoras extraídas começam a agir durante o sono como se estivessem a lutar ou a lamber pratos imaginários. Com certeza, as consequências desses actos oníricos seriam muito mais constrangedoras para os humanos.

Razões - Todos os gatilhos que desencadeiam o sono permanecem nebulosos. Os especialistas acham que deve existir um conjunto de factores que nos faz dormir. Por enquanto, eles conseguiram definir acções específicas de cinco substâncias existentes no organismo: a serotonina está ligada ao sono lento; a acetilconina à fase REM; a noradrenalina e a histamina fazem despertar, e a dopamina actua em todos os períodos. Também existem regiões do sistema nervoso, algumas das mais arcaicas do ponto de vista evolutivo, relacionadas com cada estágio. O locus ceruleus põe em marcha o sono paradoxal; o bulbo raquiano comanda os controlos do sono e da vigília; o mesencéfalo actua como um despertador.

Misteriosamente, nós sonhamos no sono paradoxal. Não se sabe a razão, mas 95 % das pessoas acordadas nessa fase lembram-se dos seus sonhos, enquanto apenas 10% os recorda quando despertadas noutro momento. Exceptuando os golfinhos, todos os animais superiores sonham. Os golfinhos, animais inteligentes, nunca atingem a fase REM. Eles precisam de controlar os movimentos e a respiração, para não se afogarem. Mesmo sem sonhar, os outros vertebrados também desfrutam do prazer simples de descansar algumas horas naquele mundo tranquilo. Ainda que enquanto isso o organismo trabalhe tanto quanto acordado.

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